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segunda-feira, 23 de outubro de 2017

América Latina volta a crescer, embora timidamente, diz FMI


















O panorama econômico global é muito diferente de um ano atrás. Isso se explica por uma melhora nos indicadores dos países desenvolvidos, mas também nos mercados emergentes. A América Latina não escapa a essa tendência global, mas, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), sua recuperação continua sendo incompleta. Entre as economias com previsão de melhora está a brasileira: avanço do Brasil será de 0,7% neste ano, com expectativa de 1,5% em 2018

Em novas projeções divulgadas nesta terça-feira, o FMI elevou em 0,1 ponto percentual a sua projeção de crescimento global para 2017 e 2018, que fica em 3,6% e 3,7% respectivamente, frente aos 3,2% de 2016. A revisão para cima reflete o firme aumento da demanda na ChinaRússia e Brasil. As condições financeiras também são em geral favoráveis para as economias emergentes, que se expandirão 4,6% neste ano e 5% em médio prazo.
A América Latina crescerá a um ritmo de 1,2% em 2017, depois de uma contração de 0,9% em 2016. Isso representa uma melhora de apenas 0,2 ponto em relação ao que se previa três meses atrás. Em 2018, a cifra deve subir para 1,9%, mantendo a projeção de julho passado. Estas taxas, entretanto, mostram a dificuldade da região para render perto do seu potencial.
O Brasil, maior economia do subcontinente, sofreu dificuldades macroeconômicas severas em 2015 e 2016. A recessão do ano passado foi profunda, com uma contração de 3,6%. Daí passa a crescer 0,7% neste ano e duplicará a cifra para 1,5% no ano que vem. A aceleração é atribuída a um rendimento robusto das exportações, graças à desvalorização do real, e ao abrandamento da tendência de contração na demanda interna.
A queda no valor da moeda brasileira decorre de uma política monetária expansiva, a fim de estimular o crescimento com o barateamento dos empréstimos. Mas os economistas do FMI observam também que há preocupação com as reformas em curso e apontam, nesse sentido, a fragilidade dos investimentos. Confiam, em todo caso, que elas contribuam para uma recuperação gradual da confiança à medida que forem sendo aplicadas medidas que ajudem a sustentar as contas públicas.

Negociação comercial

México, por sua vez, continua mantendo o impulso, apesar das perspectivas negativas na revisão do acordo de livre comércio com os Estados Unidos e Canadá (NAFTA). A quarta rodada de negociações acontece nesta semana em Washington. A projeção, no caso mexicano, foi revista para 0,2 ponto percentual a mais do que a estimativa de julho, chegando a um crescimento de 2,1% – o que ainda é inferior aos 2,3% registrados em 2016. Para 2018, a previsão ficou 0,1 ponto abaixo da estimativa anterior, em 1,9%.
O FMI explica que a mudança na previsão tem a ver com a situação nos EUA. O FMI projeta que a economia norte-americana avançará 2,2% neste ano e 2,3% no próximo. Diferentemente do real brasileiro, o peso mexicano seguiu uma tendência oposta. Valorizou-se 10% graças a uma política monetária mais restritiva (com o encarecimento dos empréstimos, por exemplo) ao abrandamento dos atritos político com os EUA e a uma maior confiança dos investidores.
Quanto à Argentina, a projeção é de uma recuperação sólida do crescimento, que chegaria a 2,5% neste ano. O resultado positivo é visto como fruto das elevações salariais, que estimularam o consumo. Também o investimento se recupera, puxado pelas obras públicas, enquanto o setor exportador se beneficia de um incremento da demanda externa. O FMI prevê que a economia argentina quase repita a expansão de 2,5% em 2018.

Tensões políticas

A estimativa para o Chile é de um crescimento de 1,4% neste ano, por causa da fragilidade do setor minerador, mas a tendência é de que se recupere para 2,5% em 2018, graças a uma melhora da confiança e à redução dos juros. A Colômbia, por sua vez, crescerá 1,7% e depois duplicará esse ritmo no ano seguinte, beneficiando-se dos gastos em infraestrutura, da reforma fiscal e do efeito dos acordos de paz. O PIB peruano registrará alta de 2,7% neste ano e 3,8% no próximo.
O FMI volta a citar as dificuldades para os países exportadores de energia e de matérias primas, que, apesar da estabilização dos mercados, estão tendo dificuldades para se adaptar à nova realidade de preços mais baixos. O relatório também faz referência às tensões políticas e especialmente à “intensificação da crise política e humanitária” que afeta a Venezuela, mergulhada em uma profunda recessão de 12%.
Maurice Obstfeld, economista-chefe do FMI, espera que esta lufada favorável, uma década depois do início da Grande Recessão mundial, sirva como “oportunidade” para a adoção de políticas mais ambiciosas que sustentem o crescimento e tornem a economia mais resistente a choques futuros. O organismo reitera a necessidade de avançar nas reformas estruturais para elevar a competitividade e o investimento em capital humano.

https://brasil.elpais.com/brasil/2017/10/10/internacional/1507639595_699470.html

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