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quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

 

Parametrização da Receita Federal: o guia definitivo dos canais


Todas as importações estão sujeitas a uma conferência da Receita Federal do Brasil (RFB). O nível dessa vistoria, bem como o tempo necessário para a liberação da mercadoria, depende do “canal” em que o órgão classifica após o registro da Declaração de Importação (DI).

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canal verde é o mais desejável, uma vez que significa liberação automática, mas nem sempre é assim. Para desvendar as nuances da parametrização da RFB, preparamos este guia completo, condensando todo o conteúdo já produzido sobre o tema ao longo de mais de quatro anos de OMDN.

De acordo com a Receita Federal, o principal critério para a parametrização é a aleatoriedade. Mas o importador pode e deve tomar alguns cuidados para aumentar a probabilidade de canal verde ou, pelo menos, evitar o vermelho.

O processo se assemelha a uma blitz em uma rodovia. Em geral, os motoristas são abordados aleatoriamente, mas a condição aparente do carro, a existência de algum crime recente envolvendo veículo daquele modelo e cor e a forma como se comportam os ocupantes podem levar o policial de plantão a optar por uma verificação mais aprofundada.

No caso da importação, o principal cuidado é evitar incoerência entre as informações prestadas na DI. Peso, volume, classificação fiscal e descrição precisam ser preenchidos de forma adequada. A trading envolvida no processo não pode ter restrições fiscais e nem estar sob investigação, assim como o importador e o fornecedor. Sem esses cuidados, a Receita Federal muito provavelmente vai querer fazer uma conferência documental (canal amarelo) e/ou física da mercadoria (canal vermelho).

Além de critérios objetivos, a Receita tem autonomia para direcionar uma importação para o canal vermelho, mesmo que os algoritmos do sistema “decidam” de outra forma.

É importante também levar em consideração o fato de que a liberação final não depende apenas da RFB, mas de um conjunto abrangendo toda a cadeia processual. Por isso, é importante estar ciente de todas as etapas, para planejar efetivamente o recebimento da carga.

Minha carga foi para o canal vermelho. E agora?

Mesmo adotando os devidos cuidados, é possível que, ainda assim, a RFB queira verificar fisicamente a mercadoria importada. O mais importante é que, se tudo estiver de acordo, a liberação acontecerá naturalmente após essa análise.

Parametrização como evitar um canal vermelho_OMDN_O Mundo dos Negócios_Fathromi Ramdlon Pixabay
Foto: Fathromi Ramdlon/Pixabay

Para garantir a liberação após o canal vermelho, o trabalho do agente aduaneiro é muito importante para evitar que a falta de documentação atrase ainda mais o processo. Por isso, o primeiro passo é reunir a lista de documentos que inclui o Commercial Invoice, Packing List, Conhecimento de Embarque, Declaração de Importação (DI) Original e Contrato de Prestação de Serviços em caso de importação por conta e ordem.

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Estes documentos originais são escaneados e montamos uma pasta que será vinculada a um dossiê eletrônico no Portal Único, programa disponibilizado pelo Governo Federal que permite acesso a todo o processo.

O passo seguinte é a distribuição para um fiscal que vai analisar a documentação e agenda a conferência física. O terminal recebe a solicitação e comunica o despachante para fornecer a documentação e realizar a programação de posicionamento da carga.

No dia e horários agendados, o analista tributário da Receita Federal realiza a conferência física, conforme solicitação, na presença dos representantes do terminal e do importador e/ou despachante. As informações da vistoria serão repassadas para a análise do fiscal, que fará a manifestação por meio do Portal Único.

Se não houver problemas e nem divergências, o auditor faz a liberação da DI no sistema e as mercadorias estarão disponíveis para retirada no terminal alfandegado. Se for constatado algum erro sujeito de autuação ou correção, o auditor interrompe o despacho diretamente no Siscomex e solicita a retificação necessária.

Canal Vermelho: os caminhos até a liberação, OMDN, O Mundo dos NegóciosO importador ainda poderá se posicionar e contestar as razões apontadas pelo fiscal, acionando, em alguns casos, o departamento jurídico e aguardar por um novo parecer.

A incidência do Canal Vermelho na importação acarreta em custos adicionais do operador portuário, como separação e posicionamento do contêiner para inspeção física, retirada e colocação do lacre. O prazo para a fiscalização costuma oscilar entre sete e dez dias úteis, caso tudo esteja dentro dos conformes.

Fatores que podem levar ao canal vermelho

  • Incoerência ou falta de informações relacionadas ao peso, volume, classificação fiscal e descrição da mercadoria;
  • Participação de trading com restrição fiscal ou sob investigação;
  • Importador ou fornecedor sob investigação;
  • Importação de automóvel por pessoa física;
  • Cargas exportadas por países diferentes daqueles onde ocorreu a produção;
  • Produtos que estão submetidos a direito antidumping e cuja taxa não foi recolhida no registro da DI;
  • Mercadorias cujo código estão sob investigação pela RFB. Não é possível consultar se um produto está ou não sendo investigado;
  • Questões envolvendo Ex-Tarifário. A Receita pode adotar a medida para verificar se o produto importado se enquadra, de fato, nesse regime.

Canal cinza para apurar irregularidades graves

Há situações em que a Receita Federal decide fazer uma investigação detalhada sobre os preços praticados para apurar indícios de fraudes. Nesse caso, a importação é parametrizada como canal cinza, um dos procedimentos mais difíceis do despacho aduaneiro.

Conforme definição da Receita Federal, “deve ser realizado o exame documental, a verificação física da mercadoria e a aplicação de procedimento especial de controle aduaneiro, para verificar indícios de fraude, inclusive no que se refere ao preço declarado da mercadoria”.

Os prazos são extensos. Podem demorar até três meses para serem concluídos, podendo ser prorrogado por igual período. Ainda assim, as consequências no caso de identificadas irregularidades fiscais são ainda mais graves. A mercadoria pode ficar permanentemente retida pela Aduana.

Entre os motivos mais comuns para o enquadramento nesta fiscalização estão importação ilegal, falsidade material ou ideológica dos documentos, mercadoria falsa ou adulterada, ocultação dos dados dos participantes da compra e venda da mercadoria, declaração de conteúdo falsa, subfaturamento ou uso de técnicas para evitar o antidumping, dúvidas quanto a existência do importador, exportador ou outros participantes envolvidos no processo.

Os conceitos simplificados dos canais

​Canal Verde

Parametrização pelo qual o sistema registra o desembaraço automático da mercadoria, dispensados o exame documental e a verificação física da mercadoria.

Canal Amarelo

Parametrização pelo qual deve ser realizado o exame documental e, não sendo constatada irregularidade, efetuado o desembaraço aduaneiro, dispensada a verificação física da mercadoria.

Canal Vermelho

Parametrização pelo qual a mercadoria somente é desembaraçada após a realização do exame documental e da verificação física da mercadoria.

Canal Cinza

Parametrização pelo qual deve ser realizado o exame documental, a verificação física da mercadoria e a aplicação de procedimento especial de controle aduaneiro, para verificar indícios de fraude, inclusive no que se refere ao preço declarado.

Canal Melancia

Expressão popularmente utilizada quando ocorre a alteração do canal verde para o canal vermelho. O termo não existe no sistema oficial de parametrização Receita Federal do Brasil (RFB).


https://www.omdn.com.br/parametrizacao-da-receita-federal-o-guia-definitivo-dos-canais/

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segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022

 

Porto de Suape/PE terá aumento de 47% em importação de cargas em 2021


Porto de Suape apresentará significativa recuperação na quantidade de mercadorias importadas em 2021. De acordo com estimativa realizada pela Superintendência Regional da Receita Federal na 4ª Região Fiscal, que compreende os estados de Pernambuco, Alagoas, Paraíba e Rio Grande do Norte, o atracadouro, situado em Ipojuca, apresentará crescimento de 47% no segmento em comparação com 2020, movimentando US$ 8,19 bilhões. Esse valor também será superior em 15% ao registrado em 2019, ano em que a economia não foi afetada pela pandemia do novo coronavírus.

Para chegar a esses dados preliminares, levou-se em consideração a média diária deste mês dezembro, que, até o dia 18, já registrava crescimento de 40% no acumulado do ano em relação a 2020, período em que a movimentação de cargas vindas de outros países sofreu queda de 22% em relação a 2019, em consequência da pandemia que se espalhou por todo o mundo. Até esta data, o acumulado do ano chegava a US$ 7,79 bilhões. A estimativa é que 2021 termine com US$ 8,19 bilhões em importações.

De acordo com os dados levantados, os meses de agosto e outubro foram recordes em importações este ano, com US$ 901 milhões e US$ 763 milhões, respectivamente. Números como esses trazem um forte impacto na arrecadação federal em decorrência das importações realizadas por Pernambuco (além do Porto de Suape, há acréscimos financeiros pelo Porto do Recife e Aeroportos do Recife e de Petrolina). As importações via Porto de Suape, no entanto, representam grande parte total apurado no Estado. Em agosto, por exemplo, chegou a 95% do total de cargas transportadas de outros países.

“Os números apontados pela Receita Federal reforçam a posição estratégica do Porto de Suape em relação ao Brasil e aos grandes exportadores de granéis líquidos e de cargas em geral. O atracadouro pernambucano tem uma localização expressiva, com um mercado consumidor de 57,3 milhões de pessoas num raio de 800 quilômetros, incluindo 7 capitais de Estado, sendo bastante atrativo para o mercado exterior. A logística do porto é outro diferencial, além da proximidade com outros grandes atracadouros do mundo, a exemplo do Canal do Panamá (5 dias), Nova Iorque (7 dias) e Roterdã (9 dias)”, destaca o diretor-presidente de Suape, Roberto Gusmão.

Perfil em agosto/2021

Nessas importações se destacam as indústrias automotivas e de petróleo e gás, sendo os três principais produtos importados: 1º, combustíveis (42% das importações); 2º, veículos e partes/peças de veículos (14% das importações); 3º, máquinas e aparelhos elétricos (6,7% das importações). Já em relação à origem dos produtos, os países que mais exportaram para Pernambuco foram: Estados Unidos (35%), Arábia Saudita (9,3%) e Itália (8,6%).


https://www.gov.br/receitafederal/pt-br/assuntos/noticias/2021/dezembro/porto-de-suape-pe-tera-aumento-de-47-em-importacao-de-cargas-em-2021